A história que vou narrar aqui começa como um pesadelo… Desses que o vilão parece sempre o primeiro a chegar.

Estava o boizinho estimado do patrão no pasto, quando foi levado para uma brincadeira que todos nominam como farra do boi, mas nessa farra ninguém vai o boi homenagear.

Sim, bem próximo daqui. Entre o campo e as ruelas que desembocam na praia lá estava nosso boizinho acuado, assustado… Sem Matheus para lhe guiar.

Muita gente ao seu redor entre risos, falatório, correria e assombro nosso boizinho num rompante desespero entrou pelo mar.

Foi aí que em meio ao desespero aparecem nossos anjos. Os que têm barbatana ao invés de asas, os que têm o olhar mais profundo que você possa encontrar…

Lá estavam eles os botos em seu habitat, e de repente, com suas danças entre o céu e o mar… Eles trouxeram de forma rápida e eficiente os pescadores que com seus barcos e força se puseram a resgatar… Sim, salvaram nosso boizinho de todo mal estar.

E assim começa nossa história. Senta aí, raparigax… e tu também rapax. A viagem é logo ali na Lagoa de Santo Antônio dos Anjos da Laguna, onde os pescadores têm como companheiros de pesca, os botos. Eles mesmos que são nossos anjos e de todos pescadores por esse infinito mar.

Por Esther Rodrigues

Esse texto foi inspirado no bem cultural, pesca artesanal com auxílio dos botos, adaptado para a peça O Auto do Boi de Mamão. O novo trabalho colaborativo com o site www.pescacombotos.art.br tem como objetivo teatralizar essa tradição, contando poeticamente através da arte teatral em face do Patrimônio Cultural Imaterial.

Colaboração: Wellington Linhares Martins